Autor: Édson Cavalcanti
Diante de distúrbios, uma citação tem sido apresentada como regra, e nos últimos dias, inquieto me coloquei a questioná-la. Trata-se da escala de prioridades em nossa relação, “primeiro Deus, segundo família e terceiro igreja”.
Ora, Jesus nos disse que a ninguém chamemos de pai (Mt 23.9) pois somos todos irmãos (v8), membros da família de Deus que é nosso pai. A consideração a Deus e sua palavra acima de qualquer coisa não permite concorrência, está em primeiro lugar em nossa escala de prioridades e não há como contestar, pelo menos na teoria.
No segundo lugar estaria fixada a família. Embora assuma sua importância em todos os níveis de nossa relação, também compreendo que na igreja não fazemos distinção entre irmãos e parentes, logo não haveria espaço para disputa de posições. Na igreja não temos parente, somos irmãos e o tratamento seria, portanto igualitário (Lc 8.21). No meu entender não cabe terceiro lugar, apenas primeiro e segundo, conforme são os mandamentos, amar a Deus, ao próximo e ponto.
Também não compreendo separar Igreja de Cristo (Deus), colocando um em primeiro e outro em terceiro lugar, considerando cabeça e corpo (Cl 1.18,24). Estou induzido a crer que o argumento serve a defesa própria, familiar ou a interesses direcionados. É claro que se diria referir-se a igreja instituição, no sentido material ou social, pergunto: seria mesmo? Ainda não encontrei respaldo para amar coisas (1Jo 2.15).
Nesse panorama, a regra embala uma filosofia social e corporativista, ou com muito esforço uma associação ao estilo patriarcal, misturando AT e NT, incompatibilizando o princípio da relação que rege a congregação dos santos nos moldes do NT.